quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A MAÇONARIA CORRUPTORA DA SOCIEDADE

CAPÍTULO XXVIII

CORRUPÇÃO DOS COSTUMES


Para atingir o objetivo de Voltaire, a seita sabe bem que não basta derrubar o poder temporal dos Papas, nem mesmo tentar o possível e o impossível para obter um Papa que lhe seja devotado; é preciso atingir as almas. É nela que a idéia cristã deve ser sufocada, deve morrer. Continuando a viver nas almas, um dia ou outro, necessariamente, ela refará as instituições à sua imagem. Ora, as almas não podem ser verdadeiramente tocadas de morte senão pela corrupção , pela corrupção dos costumes, e sobretudo pela corrupção das idéias. Por isso o chefe oculto da Grande Loja dera a esta a missão expressa de alterar as idéias e depravar os costumes; e isto principalmente em relação a esta dupla fonte da vida cristã: a juventude leiga e a juventude eclesiástica. Ela empregou nesta tarefa todo o tempo de sua existência. Não há dúvida de que após ela, outras lojas foram encarregadas de continuar sua obra. Nós a veremos, oh tristeza!, por demais florescente para que disso duvidemos.

Dois meses após sua chegada em Roma, no dia 3 de abril de 1824, Nubius escreveu a Volpe: "Sobrecarregaram meus ombros com um pesado fardo, caro Volpe. Devemos promover a educação imoral da Igreja".

Quatorze anos mais tarde, em 9 de agosto de 1838, numa carta escrita de Castellamare a Nubius, Víndice, falando das punhaladas distribuídas pelos carbonários, mostra a inutilidade disso e lembra que a missão deles é inteiramente outra; não são os indivíduos, é o velho mundo, é a civilização cristã que eles devem matar: "Não individualizemos o crime a fim de fazê-lo crescer até às proporções do ódio contra a Igreja, devemos generalizá-lo. O mundo não tem tempo para dar ouvidos aos gritos da vítima, ele passa e esquece. Somos nós, meu Nubius, somente nós que podemos suspender sua caminhada. O catolicismo tem tanto medo de um estilete bem afiado quanto a monarquia; mas essas duas bases da ordem social podem vir abaixo sob o peso da corrupção; jamais nos cansemos de corromper. Tertuliano dizia com razão que o sangue dos mártires concebia cristãos. Está decidido nos conselhos que não queremos mais mártires; portanto, não façamos mártires, mas popularizemos o vício nas multidões. Que elas os respirem pelos cinco sentidos, que elas o bebam, que elas se saturem dele. Promovei corações viciosos e não tereis mais católicos".

O conselho foi compreendido. Desde os primeiros dias da Restauração, a seita, para recuperar o terreno perdido, dedicou-se a depravar, a corromper em grande escala. Sob o Império, Voltaire e Rousseau não tinham encontrado compradores nem leitores, pela boa razão de que a reimpressão de suas obras estava proibida como atentado aos bons costumes e à razão política. A seita fez inserir na Constituição a liberdade de imprensa, e logo se pôs à obra. Ela reorganizou a venda ambulante que soubera a fazer funcionar com tanta utilidade no fim do século XVIII, multiplicou as edições de Voltaire e fraccionou-as, para colocá-las ao alcance de todos. Depois, não cessou de popularizar o vício sob todas as formas; mas jamais agiu com tanta audácia, com uma vontade tão manifesta, como nesses últimos anos. É justamente agora que as populações o respiram pelos cinco sentidos, que o bebem, que se saturam dele. Todas as influências diretivas do espírito público, a escola e a caserna, os cargos públicos, e o parlamento, a imprensa e as administrações comunais, municipais e governamentais concorrem fraternalmente para levar sempre mais longe a depravação pública.¹ "Considerai bem a República e o espetáculo que ela oferece, dizia recentemente Maurice Talmeyer. Ela sofreu sobretudo uma dominação, a dominação maçônica. Aonde essa dominação a levou? A uma transformação política e social? Não. Ter-nos-ia ela dado pelo menos a liberdade? Muito menos. Mas qual é então a obra da república maçônica? Uma obra de pura depravação. Pornografia do livro,² do teatro,³ dos salões, do jornal". Todo esse mundo e todas essas coisas, e muitas outras, conspiram em favor de que levar mais longe a corrupção universal. O Estado vê essas coisas e longe de reprimi-las, favorece-as. Quantas provas poríamos oferecer a esse respeito" No dia 26 de novembro de 1901, era inaugurada em Montmartre a estátua do judeu Henri Heine, que exerceu tão funesta fascinação sobre a sociedade do Segundo Império e que dizia: "É preciso, em vez de continência e rigorismo, retornar à alegre licença, instituir saturnais, praticar, através da livre união, o melhoramento estético do animal racional". Em janeiro de 1902, Leygues, Ministro da Educação, impunha às jovens, como preparação para o certificado de conclusão do curso primário, a leitura do "Ensaio sobre os Costumes", de Voltaire. Um mês antes, um processo era intentado contra um desenhista que havia levado a licenciosidade a seus últimos limites. Uma das testemunhas pôde dizer: "No liceu eu era educado no amor ao paganismo. Na Escola de Belas-Artes ensinaram-me o culto do nu. O Estado é, pois, o único responsável pela minha inclinação afrodisíaca". Quantos outros testemunhos poderiam ser acrescentados a esses!

A educação que deve ser dada aos filhos das classes menos favorecidas é tão corruptora quanto aquela dada aos artistas. Livros de uma obscenidade revoltante são colocados nas bibliotecas das escolas, dados como prêmio. Vêem-se gravuras obscenas por toda a parte, mas particularmente nas portas dos liceus e das escolas.
¹ E a família, está sem mancha? Para assinalar apenas um único ponto um dia indicado pelo La Libre Parole, como não nos espantarmos com a incrível liberdade deixada aos jovens nas praias. "Acompanhado de um estrangeiro, eu me encontrava num desses últimos dias numa praia normanda. Diante de nós, um exame alegre de moços e moças faziam ressoar a sala de jogos com suas contínuas gargalhadas. Dei a conhecer ao meu companheiro as reflexões que esse espetáculo me sugeria. "É forçoso reconhecer, disse-me então o estrangeiro, que tendes na França uma maneira de educar vossas filhas, deplorável sob todos os pontos de vista. A jovem francesa desfruta, durante três longos meses, de uma liberdade quase completa. No meio dos jovens, seus companheiros de todos os instantes, ela nada, cavalga, joga tamis, anda de bicicleta e à noite descansa de todas as fadigas do dia dançando como uma doida. Enquanto isso, as mães, na praia, bordam tapetes. O verão chega ao fim. Então, atenção! Ao primeiro sinal, vossas filhas devem retomar suas posições; elas devem abster-se de dar dois passos fora de casa se não estiverem acompanhadas da aia... Regozijai-vos de ainda contar com anjos num regime admiravelmente feito para engendrar demônios".
² Um romancista atribuiu como post-scriptum de sua última obra estas palavras: "Que humilhação, a minha! Diante de mim, minha irmã degradada pelo meu livro! Promover o vício e chamar isso de psicologia, naturalismo, humanismo, eis toda a carreira literária francesa! O que pode fazer e no que pode se transformar um povo cuja imundície histérica é o único alimento intelectual. Uma literatura como a nossa é o maior elemento de corrupção e de decadência social que pode existir".
³ O romancista ou outro escritor corruptor dirige-se a vós, a sós, face a face. O dramaturgo põe sua infâmia em palavras que voam de boca em boca e das bocas para os ouvidos do público. E se lá existisse apenas o que se declama. Pelos olhos, assim como pelos ouvidos, o espírito se embriaga de coisas cada vez mais inconfessáveis. Os teatros mais considerados pelo público são hoje aqueles em que se exibem mulheres nuas, aqueles em que a grosseria e a impudicícia do espetáculo substituem a insuficiência do talento. Nessas condições, não é triste verificar que os teatros da capital auferiram, nesses últimos anos, 45 a 50 milhões de francos? Ao teatro veio juntar-se o cinematógrafo (aparelho inventado em 1895 pelos irmãos franceses Lumière, capaz de reproduzir numa tela o movimento, por meio de uma seqüência de fotografias - N. do T.), e o cinematógrafo ambulante, que passa de cidade em cidade, de vila em vila. Em Paris, o cinematógrafo tem cinco milhões de espectadores. A companhia geral dos fonógrafos e cinematógrafos tem renda líquida de cinco milhões.

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